Em entrevista à Folha de S.Paulo o pecuarista Mauro Lúcio Costa, 54, afirmou que é contrário ao desmatamento. Costa defende o aumento da produção apenas nas áreas já abertas, elogia ONGs ambientalistas, critica o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e defende a autodeterminação dos povos indígenas.
Mineiro de origem, Mauro Costa está radicado há décadas em Paragominas (PA), município formado por famílias de goianos e mineiros que se tornou referência na busca pela conciliação entre produção e respeito à legislação ambiental.
Não é só porque a Amazônia é nossa que devemos acabar com ela, afirma pecuarista
A pecuária é apontada como a grande vilã do desmatamento. O sr. concorda? Estão demonizando a atividade, mas a atividade não tem culpa, as pessoas é que fazem errado. O que eu tenho visto é que todo mundo evolui. Mas as pessoas tendem a continuar na zona de conforto, a fazer as mesmas coisas. Na pecuária, é impressionante. Temos uma ala de pecuaristas que estão no mundo moderno. A parte de reprodução de bovinos, por exemplo, está mais adiantada do que a de humanos, porque não entra essa questão religiosa.(…)
O aumento no desmatamento tem sido atribuído à reorientação do governo Bolsonaro, de defesa do agronegócio e críticas à fiscalização. Esse é o principal motivo? (…)O Bolsonaro passou a imagem de ser um cara a favor do desmatamento, mas eu não creio que seja. Até porque o acordo do Mercosul com a União Europeia tem compromissos nesse sentido. Só que eles estão dizendo que não tem desmatamento. Gente, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) é um órgão do governo e mostrou. Quem está no campo vê. Aquilo não tem mentira, mas o governo fica tapando o sol com a peneira. Eles falam muito: “A Amazônia é nossa”. Mas não é porque ela é nossa que nós temos de acabar com ela, fazer as coisas de qualquer maneira. Acho que essa posição dele inflamou a vontade de desmatar nas pessoas. Isso vai dar trabalho, terão de criar ações mais radicais para poder parar com isso.