Memórias reveladas em preto e branco: A história não contada do Goiânia E.C.

Memórias reveladas em preto e branco: A história não contada do Goiânia E.C.

O time do Goiânia E.C. tem sete datas de fundação, 14 títulos estaduais, duas conquistas das divisões de acesso e chamou-se Corinthians por 2 anos. Livro relata esta e outras histórias e revela que o governador Pedro Ludovico teria tido influência direta na escolha da mudança do nome do clube, explica o autor da dissertação de mestrado.
Renato Dias

Último campeão estadual no velho Estádio Olímpio Pedro Ludovico Teixeira, em 1974, o Goiânia Esporte Clube, que chegou à semifinal do Goianão, em 2019, teria tido sete supostas datas de fundação do clube. A oficial é a de 5 de julho de 1938. Com 14 títulos em Goiás, dois da divisão de acesso, teve artistas da bola, como Cisquinho, Didil ( apelido de Homero Sabino de Freitas, que se tornaria juiz, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça). Tuíra, Marco Antônio, Bill, Héber, Rogério Souza, Rogério Correia e o atacante Finazzi. Goleador, que na pequena área, não perdoava. Com excelência na última bola, matava. Ao estufar as redes adversárias.

As histórias das glórias do segundo clube mais antigo da Capital é o tema da dissertação de mestrado do historiador Djalma Oliveira de Souza, na Universidade Federal de Goiás [UFG]. Texto minimalista.
– O título da dissertação é ‘Goiânia Esporte Clube. Memórias em preto e branco – 1936-1974’

O pesquisador, com rigor metodológico, aponta, com exclusividade, que os principais fundadores da agremiação esportiva seriam Joaquim Veiga Jardim, José da Veiga Jardim. Além de Benedito Zupelli, que escolheu as cores preto e branco do clube. Assim como Aládio Teixeira e Nicanor gordo.

Registros da História: os irmãos Barsi, os mesmos que fundaram o Goiás em 1943. Mais: Paulo Fleury da Silva e Jaime Câmara. Irani Alves também compõe a relação dos ilustres do Galo Carijó.

Os criadores do Galo eram da oligarquia política e econômica de Goiás, informa o professor de História. Um apaixonado pela literatura brasileira. Personalidades fundadoras possuíam vínculos com o governador do Estado, Pedro Ludovico, chuta de primeira.

 A ideia era descobrir a relação entre Governo Estadual e o time do Goiânia Esporte Clube, já que o mesmo costumava ser rotulado de ‘chapa branca’.

 

Pedro Ludovico
Pedro Ludovico Teixeira teria tido influência direta na escolha de mudança do nome do clube, explica o autor da dissertação de mestrado. É que o Galo Carijó, antes de ser chamado de Goiânia, era conhecido como Corínthians. Após uma votação interna, o nome foi mudado no ano de 1939. À beira da eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O Goiânia Esporte Clube possui 14 títulos estaduais, 12 vices, dois da Divisão de Acesso. As últimas voltas olím-picas no futebol profissional ocorreram em 1968, o ano que não terminou, como afirma o escritor e jornalista celebrado Zuenir Ventura, e em 1974, Tempos Sombrios e de Abertura Política lenta, segura e gradual, sob a ditadura civil e militar que depôs João Belchior Goulart.

 

O Galo Carijó havia sido o grande time de Goiás nas décadas de 40 até 80, ou seja, mais de 40 anos de história sem relatos na academia e publicações editoriais.

 

1968. O time do Goiânia marcou 16 gols. Com destaque para os quatro de Waldeir e três de Tuíra e Deca.

Veja os jogadores campeões: Sorriso, Bi, Gesmar, Manduca, Paulo, Carlinhos, Chico, Silvinho, Danilo, Tuíra, Waldeir, Deca, Osmar, Alexandre Cruvinel, Fábio, Neto, Sabará, Jonatas, Julinho, Toninho, Laílson, Índio, Zé Martins e Raimundinho.

 

Goiânia Campeão Goiano de 1974

Já o time base de 1974 era Nilson, Eulálio, Dema, lula, Tasso; BenÉ e Maurício; Marco Antônio, Rogério, Sinomar e Curió, sublinha o estudioso.

O técnico era o professor de Educação Física Tomazinho, pontua. A primeira partida ocorreu no dia 20 de novembro com o placar: 1×0 para o Galo Carijó, com um gol de Marcelo. A segunda partida, em 24 de novembro. 1×1. Gol do alvinegro Marco Antônio.Um craque da maior qualidade, informa.

Didil (Homero Sabino de Freitas) e Foka

Os principais ídolos da História do clube são Elson, Manduca, Cisquinho, Nilson, Silvinho, Tuíra, Chico Frazão, Bill, Mateba, Lili , Didil (que se tornaria juiz, desembargador e presidente do TJ-GO) e Foca (artilheiro em 1951,1952,1953) e Castorino.

 

Historiador Djalma Oliveira

Explosivas, as revelações da dissertação de mestrado desnudam que o time foi chamado de Corínthians por dois anos.

O Goiânia trouxe para cidade, nos anos 50 e 60, Pelé jogando pelo Santos e Garrincha, pelo Botafogo.

O mascote do time é o Galo Carijó, por nítida influência de José da Veiga Jardim, um amante visceral das rinhas de galo.

O dirigente que escolheu as cores preto e branco do clube é Benedito Zupelli . O hino do clube é de Victor Dagô.

O Goiânia já jogou contra um time do Paraguai. Década de 50. Século passado. O Guarany do Paraguai. Disputada, a partida terminou empatada. Sem vencedores. Dois a dois. O arquivo de Djalma Oliveira de Souza tem mais de mil fotografias do clube. De jogadores. De objetos. Inéditos, frisa.

Amplo acervo de pesquisa

Escudos do Goiânia nas décadas de 1040, 1970 e 1990

O historiador teve acesso aos arquivos do desembargador Homero Sabino de Freitas, Lamatirne Reginaldo, Lucy Mary, Márcia da Veiga Jardim, Maria Alice Gordo, Nilson Silva Domingues, Paulo César da Veiga Jardim, Paulo Bernardes Prudêncio, Paulo Roberto [Bob], Roldemar José Monteiro, Sidelmon Pereira Seabra, Valdina Gomes Ferreira [dona Nenzinha], Wagner José Borges. Com dados dos entrevistados: Aládio Teixeira, Arione José de Paula. Gilberto Teixeira., Homero Sabino, Horieste Gomes, Lamatirne Reginaldo, Lucy Mary, Maria Alice Gordo, Nilson Silva Domingues [goleiro do GEC, década de 1970], Paulo César da Veiga Jardim, Paulo Roberto [Bob], Roldemar José Monteiro, Dema [jogador do GEC, década de 1970], Sílvio Silva Ramos, o Silvinho [jogador do GEC, década de 1960], Valdina Gomes Ferreira, Wagner José Borges, Nenzinho, ex-goleiro.

*Renato Dias, 51 anos, é graduado em Jornalismo, formado em Ciências Sociais, especialista em Políticas Públicas, com curso de Gestão da Qualidade & Excelência, mestre em Direito e Re¬lações Internacionais e aluno extraordinário do Doutorado em Psicologia Social. Autor de 15 livros-reportagem, com premiações de jornalismo e literatura, é torcedor do Vila Nova F.C

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