Para variar o presidente Jair Bolsonaro investe na crise e não na solução. A coluna Radar, da Veja vazou conversa entre o ministro da Saúde e os presidentes da Câmara e do Senado, em que Mandetta revelou conversa telefônica com Bolsonaro que pediu sua renúncia, no que ele rebateu: “O senhor que me demita”.
O presidente Jair Bolsonaro aposta no caos, somente isto explica a sua ameaça de demissão ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Médico, Mandetta segue as regras da OMS (Organização Mundial de Saúde) que aposta no isolamento social como profilaxia para combater o Covid19, que ja infectou 1 milhão de pessoas no mundo e mais de 8 mil no Brasil. Capitão expulso do exército por indisciplina, Bolsonaro incentiva através de postagens nas redes sociais e entrevistas o acirramento social, pregando pelo fim da quarentena, que à luz das experiências italianas e espanhola, seria conduzir os brasileiros ao genocídio.
No jantar, que ocorreu na noite de quinta-feira, o ministro Luiz Henrique Mandetta contou aos chefes do Legislativo, Rodrigo Maia (Câmara) e David Alcolumbre (Senado) a discussão que teve com Jair Bolsonaro por telefone. Em dado momento dessa conversa, Bolsonaro disse ao ministro que ele deveria pedir demissão do cargo. Mandetta rebateu: “o senhor que me demita, presidente”.
Segundo a Veja, a conversa esquentou ainda mais a partir daquele momento, com Mandetta recomendando a Bolsonaro que ele se responsabilizasse sozinho pelas mortes causadas pelo coronavírus.
Hoje Rodrigo Maia reagiu em duas oportunidades. A primeira em declaração ao jornal Valor Econômico, onde disse que apesar de Jair Bolsonaro não acreditar no Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mendetta, ele não tem “coragem” de demiti-lo. Depois, em coletiva na Cãmara dos Deputados, Maia voltou a defender o trabalho de Mandetta quando foi perguntado sobre o resultado da pesquisa Datafolha divulgada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo, onde o ministro da Saúde aparece com 76% de aprovação contra 33% do presidente Jair Bolsonaro.
“A pesquisa mostra que a sociedade brasileira está compreendendo o que representa o vírus e o que representa a proteção contra o vírus feita pelo ministro Mandetta, e que é preciso confiar na ciência e nos profissionais da saúde. Estes índices se devem a condução firme e competente do ministro Mandetta. Revelam que a sociedade brasileira apoia o trabalho de Mandetta, sua condução firme, objetiva, transparente e corajosa no comando da crise, mostrando ao Brasil suas qualidades como gestor público”, disse.
Mandetta, que é um quadro do DEM, partido ao qual pertencem Rodrigo Maia, David Alcolumbre e o governador Ronaldo Caiado, tem respaldo da cúpula partidária, que fez a sua indicação ao Ministério da Saúde. Caiado rompeu politicamente com Bolsonaro após o presidente afirmar que o coronavírus é uma “gripezinha” e insistir em pôr fim à quarentena. No twitter, o governador de Goiás elogiou a postura de Mandetta, que vem enfrentando o presidente, discordando publicamente de suas pretensões:
“O Mandetta, assim como eu, também é médico e sabe que o coronavírus não se trata de uma “gripezinha”. Parabéns pela coragem em defender medidas científicas e isolamento. Senão será uma tragédia mais do que anunciada! São vidas que estão ameaçadas”.
O dia de hoje mostra que falta musculatura política ao presidente Jair Bolsonaro para poder vencer esta queda-de-braço contra o Congresso Nacional, governadores, prefeitos, partidos políticos, sindicatos e a sociedade civil organizada.
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