Começou a chegar a conta da devastação das florestas brasileiras, patrocinada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente da França, Emmanoel Macron, disse que a Europa deve rever as importações de soja do Brasil, pois, no seu entender, os produtores brasileiros estão devastando a Amazônia para ampliar a área de cultivo.
A fala de Macron não foi num lugar qualquer. Ele estava participando do “One Planet Summit”, cúpula que acontece em Paris e que neste ano é dedicada à preservação da biodiversidade. Nada menos do que 30 chefes de Estado, empresários e representantes de ONGs participam das discussões do “One Planet Summit”. Entre eles o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, o presidente do Banco Mundial, David Malpass, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a chanceler alemã Angela Merkel e o chefe de governo britânico, Boris Johnson, que organiza a próxima conferência da ONU sobre o clima.
No twiiter, Macron disse:
“Continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia”.
Continuer à dépendre du soja brésilien, ce serait cautionner la déforestation de l'Amazonie.
Nous sommes cohérents avec nos ambitions écologiques, nous nous battons pour produire du soja en Europe ! pic.twitter.com/CORHnlIp8E— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) January 12, 2021
A fala de Macron chega num momento de maior isolamento do governo Bolsonaro e do ministro (?) do Meio Ambiente (?) Ricardo “Passa a Boiada” Salles. Em novembro, Roberto Abenur, ex-embaixador do Brasil na China e nos Estados Unidos condenou as críticas do filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) contra a China, maior importador de soja, minério de ferro, milho e carnes do Brasil:
“O Brasil está metendo os pés pelas mãos de maneira desarrazoada e contraproducente. Eduardo Bolsonaro fala como deputado, como filho do presidente e como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. É de uma imensa irresponsabilidade, agora ameaçando causar danos graves aos interesses do Brasil com a China”, afirmou Abdenur.
Em novembro, antes do pleito norte-americano, o ex-ministro Rubens Ricupero, um dos diplomatas brasileiros mais respeitados em nível mundial, avaliava que o isolamento do Brasil no mundo “será completo” caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não seja reeleito. “Uma reviravolta muito grande nos Estados Unidos fragiliza a posição de Bolsonaro, que se torna muito precária no mundo e até no Brasil”, disse Ricupero em entrevista ao blog do jornalista Jamil Chade.
A derrota de Trump se confirmou. E pior: a tentativa de golpe no Capitólio (Congresso dos EUA), tornou Trump um pária mundial, assim como Bolsonaro. Por isto as palavras de Macron devem ser levadas a sério pelo setor do agronegócio que ainda apoia as politicas de desmatamento desenfreado patrocinadas pela dupla Bolsonaro-Salles.
O apoio de Bolsonaro a Trump – inclusive à tentativa de golpe -, não será esquecida pelo presidente Joe Biden.
Sem os EUA, sem a Europa e brigando com a China, qual é o futuro do Brasil?
Vale lembrar: Além da China, a Holanda é o maior destino da soja de Goiás.