O presidente Jair Bolsonaro (PSL) recuou. Sentinfo a pressão interna e externa, ele fez seu pronunciamento na noite desta sexta-feira (23) em rede nacional de rádio e TV, com uma menssagem moderada, diferente dos rompantes escatológicos das últimas semanas. Bolsonaro reconheceu os prejuízos causados pelas queimadas e admitiu que o governo deve reprimir o desmatamento.
Enquanto falava o presidente foi alvo de panelaços em várias partes do país. A hashtag #panelaço é o assunto mais comentado do Twitter.
O motivo é a política ambiental destrutiva e negligente de Bolsonaro que vem provocando a destruição da Floresta Amazônica, que arde em chamas por conta das crescentes queimadas em seu governo.
O clima de indignação generalizada contra o governo é o mesmo que pode ser observado entre 2015 e 2016. O movimento levou a um clamor popular que chancelou o processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Em todo o mundo, da Europa, Ásia ou Estados Unidos, governos protestaram contra a política de incentivo à devastação florestal promovida por Bolsonaro. Alemanha, França, Irlanda, Finlândia e outros países ameaçam boicotar produtos agropecuários brasileiros.
O governo Bolsonaro está diante de uma dupla pressão: internamente, setores do Congresso Nacional – tendo à frente a oposição e o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), se movimentam para forçar o governo a frear a pauta de enfraquecimento do Ibama e outros órgãos de fiscalização do meio ambiente. De outro, os líderes do agronegócio já temem perder mercado para outros países diante da reação da opinião pública internacional ante a devastação da Amazônia.
Nesta noite Bolsonaro deu dois passos atrás, e certamente terá que recuar ainda mais, para voltar aos padrões civilizatórios que foram a marca do Brasil no respeito à legislação ambiental.
Confira abaixo os cortes feitos por
Bolsonaro na área ambiental :
• Iniciativas para Implementação da Política Nacional sobre Mudança do Clima com corte de R$ 11.274.719
• 95% do orçamento do programa.
• Apoio à Implementação de Instrumentos Estruturantes da Política Nacional de Resíduos Sólidos R$ 6.434.926
• 83% do orçamento do programa.
• IBAMA • Gestão do Uso Sustentável da Biodiversidade com corte de R$ 18.747.992
• 69 % do orçamento do programa.
• Avaliação de Periculosidade e Controle de Produtos, Substâncias Químicas e Resíduos Perigosos com corte de R$ 1.500.000
• 60% do orçamento do programa.
• Construção da Sede do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Prevfogo com corte de R$ 1.085.000
• 50% do orçamento do programa.
• Monitoramento Ambiental e Gestão da Informação sobre o Meio Ambiente e Educação Ambiental com corte de R$ 4.517.295
• 50 % do orçamento do programa.
• Licenciamento Ambiental Federal com corte de R$ 3.328.117
• 43 % do orçamento do programa.
• Prevenção e Controle de Incêndios Florestais nas Áreas Federais Prioritárias com corte de R$ 17.500.000
• 38 % do orçamento do programa.
• Controle e Fiscalização Ambiental com corte de R$ 24.880.106
• 24 % do orçamento do programa.
• Administração da Unidade com corte de R$ 28.655.365
• 16% do orçamento da ação.
• ICMBio • Apoio à Criação, Gestão e Implementação das Unidades de Conservação Federais com corte de R$ 45.065.173
• 26% do orçamento da ação.
• Administração da Unidade com corte de R$ 15.118.383
• 22% do orçamento da ação.
• Execução de Pesquisa e Conservação de Espécies e do Patrimônio Espeleológico com corte de R$ 3.603.23
• 19% do orçamento da ação.
• Manutenção de Contrato de Gestão com Organizações Sociais (Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998) com corte de R$ 238.520
• 17% do orçamento da ação.
• Fiscalização Ambiental e Prevenção e Combate a Incêndios Florestais com corte de R$ 5.482.012
• 20% do orçamento do programa. (Fonte: SIOP)