Rejeição ao presidente chega a 44%, jovens desconfiam mais e empresários são os mais satisfeitos com o governo.
Na opinião de 64% dos brasileiros que tiveram conhecimento da prisão de Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro sabia onde estava escondido o ex-assessor do clã presidencial, detido em Atibaia na quinta-feira retrasada (18). É o que aponta pesquisa do Datafolha divulgada nesta sexta (26).
Três quartos dos entrevistados pelo Datafolha afirmaram ter tido ciência do caso, 29% deles bem detalhadamente, 35% mais ou menos e 11%, mal. O grau de familiaridade com a história cresce ainda mais entre os mais ricos (96% entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos e 95% dos que têm renda maior que 10 mínimos) e instruídos (91% de quem fez curso superior).
Rachadinha
A crença dos entrevistados é aferida depois de o próprio presidente Jair Bolsonaro ter afirmado, em uma live transmitida no dia da prisão, que sabia sobre procedimentos contra um câncer que Queiroz fazia na região. Assim, só 21% acham que o presidente não sabia sobre o amigo, investigado no esquema das “rachadinhas” da Assembleia do Rio de Janeiro quando Flávio Bolsonaro era deputado estadual.
O filho do presidente tinha Queiroz, próximo de Bolsonaro desde 1984, como assessor no seu gabinete. Já as “rachadinhas” eram desvios de salários de funcionários do gabinete, prática comum na Assembleia, segundo o Ministério Público.
Entre os que aprovam o governo, 45% acreditam que Bolsonaro não sabia do esconderijo de Queiroz. Do total de entrevistados, 15% dizem não saber avaliar se o presidente sabia ou não. Por outro lado, 46% dos 2.016 brasileiros ouvidos pelo Datafolha em 23 e 24 de junho não acreditam que o presidente esteja envolvido no caso das “rachadinhas”. Para 38%, Bolsonaro estava envolvido e 16% não opinaram.
Aqui, a fé dos bolsonaristas na inocência do presidente é maior: 80% deles acham que ele não está envolvido. Os jovens são os mais céticos. Entre quem tem de 16 a 24 anos, 52% dos ouvidos acham que o presidente está envolvido no escândalo.
A popularidade de Bolsonaro segue em 32%, mesmo índice do fim de maio (33%). Esse é um percentual de popularidade considerado ainda crítico na política para a abertura de processos de impeachment. A rejeição ao governo é de 44%, ante 43% da rodada anterior. Já os que avaliam Bolsonaro como regular estacionaram nos 23% (eram 22%).
O presidente segue com o mesmo perfil de aprovação. Sua maior rejeição é entre mais jovens (16 a 24 anos, 54%), detentores de curso superior (53%) e ricos (renda acima de 10 salários mínimos, 52%).
Moradores da região Sul, reduto bolsonarista, aprovam mais o presidente: 42% o acham ótimo ou bom. Pessoas de 35 a 44 anos (37%), empresários (51%) e os que sempre confiam em Bolsonaro (92%) são os mais satisfeitos com a gestão do presidente.
O Datafolha ouviu 2.016 pessoas por telefone terça (23) e quarta-feira (24). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.