Bolsonaro assiste calado anúncio da saída da Ford e da GM do Brasil

Bolsonaro assiste calado anúncio da saída da Ford e da GM do Brasil

Getúlio, JK, Itamar, FHC, Lula e Dilma estimularam a indústria automobilística e  a instalação de centenas de fábricas no Brasil. Com  Bolsonaro, Guedes e Companhia, o país pode voltar ao começo do século XX, onde não haviam fábricas de automóveis no país.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) vai passar à história do país como o presidente que nada vez para manter a indústria automobilística no Brasil. Ao anúncio da Ford e da GM de que pretendem fechar unidades no Estado de São Paulo, a presidência não emitiu nenhuma nota. Em São Bernardo do Campo (SP), estima-se que 30 mil pessoas podem perder o emprego se a Ford mantiver a decisão de fechar as portas. Em São Caetano do Sul (SP), acredita-se que o impacto do fechamento da GM pode ser o mesmo de São Bernardo: menos 30 mil postos de trabalho.

Desde o presidente Getulio Vargas (1930-1954) o Brasil tem uma política de desenvolvimento industrial. Vargas construiu a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a Petrobrás e a Eletrobrás, resolvendo o problema da fabricação de aço e de fornecimento de energia para as indústrias. Em 1952 ele constituiu o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), que incentivou a produção de auto-peças no Brasil para que 40% dos veículos tivessem peças nacionais, e criou condições para nacionalização dos carros importados.

Nacionalização

Seu sucessor, Juscelino Kubistchek deu continuidade aos trabalhos do GEIA. De acordo com matéria publicada pela revista Quatro Rodas “em 1956 surgiam os primeiros veículos nacionais foram a Romi-Isetta, (70% de peças nacionais) e a perua DKW F91 Universal. Fabricada pela Vemag (Veículos e Máquinas Agrícolas S/A), ela utilizava 60% de peças brasileiras. Conforme previa o GEIA, até 1960, 90% do peso dos caminhões e utilitários vendidos no Brasil deveria ser de componentes nacionais. Para automóveis de passeio, 95%.

Esses objetivos seriam não só atingidos como ultrapassados. Nascia a indústria automobilística brasileira. Em 1957, seria a vez da Volkswagen iniciar a fabricação da Kombi, um veículo comercial leve. Seu carro de passeio e principal marca registrada, o Sedan (mais tarde oficialmente batizado como Fusca), aportaria no mercado só em 1959”.

 

Fusquinha do Itamar

O presidente Fernando Collor de Melo (1990-1992) chamou os carros fabricados no Brasil de carroças, abriu as portas para importação e para vinda de indústrias, melhorando a tecnologia dos carros nacionais. O seu sucessor, o presidente Itamar Franco, que governou entre 1992 e 1994, é lembrado por ter feito a Volkswagem retomar a produção do Fusca, porém, mas que isto, Itamar – que fez o Plano Real -, e foi responsável pela estabilização da moeda e o fim da inflação, lançou o programa do Carro Popular, com motor 1.0, que reaqueceu a indústria automobilística brasileira. Seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), deu proceguimento a esta política e no seu período instalaram fábrica no país a Honra (1997), Mitsubishi, Renaut (1998), Pegeout/Citroen (2001) e a Renaut.

Nos governos do presidente Lula (2003-2010) houveram incentivos para atração de indústrias automobilísticas para o Brasil, e neste período montaram fábricas no país a Hyunday (Coréia do Sul), JAC Motors (China), e foram instaladas fábricas da Fiat, em Goiana (PE),da Renaut, em São José dos Pinhais (PR) ,da Mercedes em Juiz de Fora (MG) e da GM em Gravataí (RS).

Em 2012, o Brasil era o quarto mercado de veículos do mundo, quando chegou a vender 3,8 milhões de unidades. Com a recessão, aprofundada em 2016, após o impeachment da presidente Dilma Roussef, o número de carros fabricados começou a cair e em 2017, foram produzidos 2,2 milhões de veículos, o que deu ao Brasil a oitava posição no ranking mundial.

Submissão aos EUA

A saída da Ford e da GM do Brasil demonstra a temeridade da opção do presidente Bolsonaro de atrelamento da política econômica brasileira aos interesses dos Estados Unidos. O governo brasileiro assiste impávido, sem dar um pio a retirada destas empresas do país após receberam bilhões de reais em incentivos para desenvolver suas plantas fabris.

Somente a submissão total aos interesses norte-americanos explica a total insensibilidade do governo com a perda de empregos e de receita com o fechamento das fábricas.

Bolsonaro demonstra, no início de sua gestão que é um governo fraco, míope, sem projeto de desenvolvimento nacional. Mas o que esperar de um governo que acabou com Ministério do Trabalho? Quem é que vai defender a mão-de-obra brasileira?

E o que  esperar de um Chanceler que está mais preocupado em agradar aos Estados Unidos do que defender os interesses nacionais?

Goiás

O leitor pode estar se perguntando: “de que importa a Goiás o fechamento de fábricas no ABC Paulista”? Diziam os velhos boiadeiros, que levavam tropas pelo chão goiano que “onde passa um boi passa uma boiada”. Goiás tem três fábricas de automóveis: Mitsubishi e Suzuki, em Catalão e Hyundai em Anápolis, e uma de implementos agrícolos (John Deere), também em Catalão. Se a matriz destas empresas no Japão, Coréia do Sul e Estados Unidos resolverem seguir o exemplo da Ford e da GM como ficam os trabalhadores goianos?

Governo que não defende seu povo, seus interesses estratégicos e sua economia serve para que?

Ou será que Bolsonaro e seus filhos estão achando que a indústria de armas vai substituir a indústria automobilística?

FÁBRICAS INSTALADAS NO BRASIL POR ESTADO:

Amazonas – Amazonas Motocicletas Especiais, BMW (motos), Dafra, Harley-Davidson, Honda (motos), Haobao, Indian Motorcicle, Kasinski, Kawasaki, Traxx, Sundown, Suzuki (motos) e Yamaha.
Bahia – Ford.
Ceará – Troller.
Goiás – CAOA Hyundai, John Deere, Suzuki e Mitsubishi.
Minas Gerais – CNH New Holland, FCA, Iveco, XCMG e Mercedes-Benz.
Paraná – FCA, Caterpillar, CNH New Holland, DAF, Audi, Nissan, Renault, VW e Volvo.
Pernambuco – FCA
Rio de Janeiro – Nissan, Land Rover, MAN “VWCO” e PSA Peugeot-Citroën.
Rio Grande do Sul – AGCO “Massey Ferguson”, Foton, Mahindra, Agrale, Chevrolet, Valtra, International e John Deere.
Santa Catarina – BMW e Chevrolet.
São Paulo – AGCO, Caterpillar, CNH New Holland, Chery, Ford, Chevrolet, Honda, Hyundai, Komatsu, Mercedes-Benz, Scania, Toyota, Valtra, VW, John Deere.

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