Os deputados do agronegócio devem compreender o recado do governo chinês que anunciou hoje preferir a soja norte-americana por questões sanitárias em relação ao Covid19.
A China é o principal mercado da soja brasileira. Levantamento mensal da consultoria Safras & Mercado revela que 90% da soja foi colhida no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul . Outros quatro estado já colheram mais de 90%, como é o caso de Paraná, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
Justamente neste momento o governo chinês anuncia que vai dar preferência à soja dos produtores norte-americanos.
O anúncio foi curto e grosso:
Membro do ministério da Agricultura chinesa, Wei Baigang afirmou que, durante esta pandemia do coronavírus, “as importações do Brasil não foram afetadas em março, e as importações dos EUA devem crescer”, agora que “a primeira fase do acordo comercial sino-americano foi implementada”.
Porque a mudança?
A China é o principal importador de produtos agrícolas brasileiros. O valor das aquisições pelo país asiático foi US$ 31,01 bilhões em 2019, de acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em segundo lugar ficaram os Estados Unidos (US$ 7,18 bilhões).
Mesmo sendo o “principal freguês” do Brasil, a China vem sendo maltrada por membros do governo Bolsonaro, como o Chanceler Ernesto Araújo, o Ministro da Educação, Abraham Weintraub e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que nas últimas semanas culparam a China pela pandemia do Covid19.
Eduardo é filho do presidente e causou o maior abalo na relação Brasil-China dos ultimos tempos, a ponto de Li Yang, cônsul-geral da China, dirigir carta aberta ao Deputado Federal Eduardo Bolsonaro.
Os termos foram duros:
Eduardo Bolsonaro, em tuíte do dia 1° de abril, repetiu o que Trump fez algumas vezes, chamando o Covid-19 de “vírus Chinês”.
Em determinado momento, Li Yang pergunta ao filho do presidente: “Você é realmente tão ingênuo e ignorante?”, e emendou:
Será que você recebeu uma lavagem cerebral dos Estados Unidos?”, indaga o cônsul para logo adiante lembrar que “Por dois anos consecutivos, dois terços do superávit do comércio exterior do Brasil vieram da China, o seu maior parceiro comercial! (…)
Além do “recado” sobre o comércio entre os dois países o Cônsul advertiu:
(…) A China nunca quis e nem quer criar inimizades com nenhum país. No entanto, se algum país insistir em ser inimigo da China, nós seremos o seu inimigo mais qualificado! Felizmente, mesmo com todos os seus insultos à China, você não conseguirá tornar a China inimiga do Brasil, porque você realmente não pode representar o grande país que é o Brasil. Porém, como é um deputado federal, as suas palavras inevitavelmente causarão impactos negativos nas relações bilaterais.”
A coragem de Caiado
A bancada ruralista, que tem cerca de 250 deputados na Câmara Federal, deveria tomar com a máxima atenção o alerta do governo chinês. Não dá para passar a mão na cabeça de Eduardo Bolsonaro e dos seus vassalos Ernesto Araújo e Abraham Weintraub.
Em nome do agronegócio, principal fonte de emprego, renda e divisas da economia brasileira, os deputados ruralistas devem apoiar o pedido de cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro que já foi protocolado na Câmara Federal pela bancada do PSOL. O filho “03” do presidente é acusado pelo deputado federal Marcelo Freixo (RJ), de crime contra a economia nacional.
O momento exige coragem.
Que a bancada ruralista se inspire em um de seus fundadores, o governador Ronado Caiado, que rompeu com o presidente Jair Bolsonaro, quando este passou a se manifestar contra as medidas de isolamento social, que ameaçavam a vida dos goianos.
Bolsonaro, juntamente com seus filhos e ministros aloprados são uma gravíssima ameaça à saúde e à economia nacionais.
Nosso Hino Nacional diz: “verás que que um filho teu não foge à luta!”.
Esta hora chegou nobres deputados.
Leia também:
Cônsul da China escreve carta aberta demolidora a Eduardo Bolsonaro
Weitraub critica China e toma invertida do embaixador chinês
Eduardo Bolsonaro causa crise diplomática com a China