Aras deixou de fora da negociação a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba, responsável por investigar os crimes de Tacla Duran e que conhece todo o histórico envolvendo sua primeira tentativa, frustrada, de acordo.
As conversas, porém, avançaram mais recentemente e, no início de maio, foi assinado um termo de confidencialidade para formalizar a fase preliminar das tratativas de acordo.
Fontes próximas a Tacla Duran afirmam que ele decidiu procurar Aras para uma nova tentativa de acordo por acreditar que o novo PGR não está alinhado com os procuradores da Lava Jato e, por isso, estaria disposto a ouvi-lo.
Em 21/05/2018 a bancada do PT na Câmara protocolou pedido junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) para cobrar investigação acerca das denúncias do ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Durán, sobre irregularidades no âmbito da operação Lava-Jato.
Na época a procuradora-geral era Raquel Dodge e a ação não prosseguiu.
Caso o acordo se concretize, será a segunda delação de Augusto Aras desde que assumiu o comando da PGR, em setembro do ano passado. Antes, o procurador fechou acordo com o empresário Eike Batista, mas a ministra Rosa Weber não concordou com os termos e devolveu a colaboração para que fossem feitos ajustes.
Moro se manifesta
Em nota à coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, o ex-juiz Sérgio Moro disse que ficou “perplexo” e “indignado” com a decisão de Aras.
“Causa-me perplexidade e indignação que tal investigação, baseada em relato inverídico de suposto lavador profissional de dinheiro, e que já havia sido arquivada em 2018, tenha sido retomada e a ela dado seguimento pela atual gestão da Procuradoria-Geral da República logo após a minha saída, em 22 de abril de 2020, do governo do presidente Jair Bolsonaro”, afirmou.
Ainda na nota, Moro afirmou que “os relatos de Rodrigo Tacla Duran sobre a suposta extorsão que teria sofrido na Operação Lava Jato, com envolvimento de um amigo pessoal, Carlos Zucolotto Júnior, já foram investigados na Procuradoria-Geral da República e foram arquivados em 27/09/2018, com parecer do então Vice-Procurador-Geral da República”, escreveu.