Agora ameaçado, Judiciário deixou passar muitos ataques bolsonaristas via fake news, diz juíza

Agora ameaçado, Judiciário deixou passar muitos ataques bolsonaristas via fake news, diz juíza
Gabinete do ódio reage a investigações de responsáveis por financiar ataques via fake news. Eduardo Bolsonaro faz ameaça de “ruptura democrática”.

 

 

 

RBA – São Paulo – Diversos ataques foram disparados contra as instituições do país, nesta quarta-feira (27), depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quebrar o sigilo fiscal de grupos responsáveis por financiar e disseminar as fake news.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, fez ameaças e disse que haverá uma ruptura democrática no país, em breve. Para a juíza Raquel Braga, da Associação de Juízes para Democracia (AJD), o momento é muito grave. Mas só alcançou esse patamar por omissão do Judiciário.

“As instituições erraram ao deixar tantas fake news e ingerências do presidente passarem. Deixaram a corda esticar demais e, agora, vemos a necessidade de preservar as instituições. O Bolsonaro não se mantém dentro das regras constitucionais, ele é baseado em ações ilícitas”, alertou ela, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Na ação de ontem, Moraes incluiu parte do período da campanha eleitoral de 2018 ao determinar a quebra dos sigilos. Para Raquel, a ação é acertada, já que ataques a adversário através das fake news mancharam o processo eleitoral daquele ano.

Raquel Braga lembra que o processo não representa ataques ao direito de expressão. “Houve uma permissividade com todo o ódio destilado por essas pessoas. Desde apologia a tortura até difamações contra adversários políticos. Fake news não é liberdade de expressão. Difamar, incitar ódio ou defender a ditadura é crime, não é uma liberdade individual”, acrescentou.

Investigação

Os mandados de busca e apreensão, ontem, tiveram empresários e blogueiros bolsonaristas como alvos. O Luciano Hang, dono da Havan, foi apontado como um dos financiadores dos disparos em massa de fake news desde antes das eleições de 2018.

O ex-deputado Roberto Jefferson, condenado por corrupção, o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) e os blogueiros Allan dos Santos e Sara Winter também estão entre os investigados. Sara Winter é uma das lideranças do acampamento golpista “300 do Brasil” instalado na Esplanada dos Ministérios.

A ação deixou o Bolsonaro e seus filhos preocupados. Segundo a Folha de S.Paulo, O presidente relatou a aliados um temor de que seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador no Rio, torne-se o próximo alvo das investigações.

CPMI das Fake News

Mesmo com a paralisação da CPMI das Fake News no Congresso Nacional, devido à pandemia de covid-19, as investigações da comissão apontam ligação de Eduardo Bolsonaro com rede de fake news. Em abril, o próprio deputado solicitou a paralisação da investigação, mas o ministro do STF Gilmar Mendes negou.

A comissão investiga o uso de perfis falsos para influenciar o processo eleitoral de 2018 e já ouviu funcionários de empresas responsáveis por realizar disparos em massa no Whatsapp, durante as eleições de 2018.

Além do processo que corre no Congresso, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), irmão de Eduardo, é investigado pela Polícia Federal pela suspeita de ser articulador do “Gabinete do Ódio”, responsável pela propagação de notícias falsas, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

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