Mangueira põe na avenida Jesus negro morto na favela

Mangueira põe na avenida Jesus negro morto na favela

A campeã do carnaval carioca, a Mangueira fez um desfile nesta noite com crítica clara a Jair Bolsonaro, aos falsos profetas e ao fundamentalismo religioso.

Com um Jesus mostrado com rosto negro, sangue índio e corpo de mulher, a Mangueira criticou os “profetas da intolerância”. O fundamentalismo cristão entrou na mira, segundo reportagem do Uol. “Não tem futuro sem partilha nem messias de arma na mão”, cantaram os integrantes, em alusão ao presidente. Confira abaixo o samba enredo:

A Verdade vos Fará Livre

Compositores Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo

Intérprete Marquinho Art’Samba

Eu sou da Estação Primeira de Nazaré

Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher

Moleque pelintra do buraco quente

Meu nome é Jesus da gente

Nasci de peito aberto, de punho cerrado

Meu pai carpinteiro desempregado

Minha mãe é Maria das Dores Brasil

Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira

Me encontro no amor que não encontra fronteira

Procura por mim nas fileiras contra a opressão

E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão

Eu tô que tô dependurado

Em cordéis e corcovados

Mas será que todo povo entendeu o meu recado?

Porque de novo cravejaram o meu corpo

Os profetas da intolerância

Sem saber que a esperança

Brilha mais que a escuridão

Favela, pega a visão

Não tem futuro sem partilha

Nem messias de arma na mão

Favela, pega a visão

Eu faço fé na minha gente

Que é semente do seu chão

Do céu deu pra ouvir

O desabafo sincopado da cidade

Quarei tambor, da cruz fiz esplendor

E num domingo verde e rosa

Ressurgi pro cordão da liberdade

Mangueira

Samba que o samba é uma reza

Se alguém por acaso despreza

Teme a força que ele tem

Mangueira

Vão te inventar mil pecados

Mas eu estou do seu lado

E do lado do samba também

 

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